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Interpretação de textos
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A seguir falaremos sobre a interpretação de textos
São textos e enunciados que trazem informações implícitas e explícitas que precisam ser compreendidas para que você atinja o seus objetivo tanto para aprovação. em provas e testes quanto para o dia a dia pessoal e profissional.
Teoria e Questões Comentadas
INTELECÇÃO (INTERPRETAÇÃO) TEXTUAL
“Evidentemente, tudo pode ser visto nos textos, lá é que todo tipo de fenômeno acontece.” (ANTUNES, 2007, p. 139)
Ler o mundo através dos mais diversos textos com os quais nos deparamos em nosso cotidiano é uma tarefa, no mínimo, reveladora!
Caros alunos, o conteúdo desta aula é de suma importância para o desenvolvimento de qualquer prova do certame do qual vocês irão participar.
Digo qualquer prova, porque a interpretação não está presente apenas nas questões de Língua Portuguesa, é preciso interpretar em todas as outras disciplinas! São textos e enunciados que trazem informações implícitas e explícitas que precisam ser compreendidas para que você atinja o seus objetivo tanto para aprovação. em provas e testes quanto para o dia a dia pessoal e profissional.
Primeiro, vejamos alguns conceitos:
1 – Texto: é um conjunto de palavras e frases encadeadas que têm a finalidade de transmitir uma mensagem a partir de sua interpretação.
2 – Contexto: MUITO IMPORTANTE!!! É a interligação das diversas frases que formam um texto. Cada uma delas é ligada à anterior e à posterior por uma relação semântica.
Se uma das frases é analisada isoladamente, fora de seu contexto original, poderá assumir significado diferente daquele inicial, por isso o contexto é tão importante. Precisamos sempre estar atentos ao contexto do enunciado da questão, ao que ela pede, e ao contexto do seu texto base.
3 – Compreensão de texto: consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar dados do texto.
4 – Interpretação de texto: consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito.
ESCLARECENDO
Para nos ajudar a entender a diferença entre compreensão e interpretação de texto na prova, montei uma tabelinha com expressões trazidas por questões, que nos ajudará a entender o que pedem os enunciados:
Expressões que solicitam compreensão do texto
Segundo o texto...
Depreende-se/infere-se/conclui-se
do texto que...
O autor/narrador do texto diz
que...
O texto permite deduzir que...
O texto informa que...
É possível subentender-se a partir
do texto que...
Tendo em vista o texto...
Qual a intenção do autor quando
afirma que...
De acordo com o texto...
O texto possibilita o entendimento
de que...
O autor sugere ainda que...
Com o apoio do texto, infere-se
que...
Na opinião do autor do texto... O texto encaminha o leitor para...
No texto...
Pretende o texto mostrar que o
leitor...
Diante do já exposto, devo dizer aquilo que talvez você já saiba: a leitura é o meio mais eficaz para chegarmos ao conhecimento, portanto, precisamos aprender a ler! Ela precisa se tornar um hábito na vida de um concurseiro.
Um candidato “antenado” com os acontecimentos atuais, conhecedor de textos literários, entendedor de charges e textos de humor chegará ao sucesso com mais facilidade (ou menos dificuldade, rsrs) do que aquele que lê pouco ou nada. E digo ler de verdade! Não passar os olhos! Ler é dar sentido à vida e ao mundo, é dominar a riqueza de qualquer texto, seja literário, narrativo, instrucional, jornalístico ou persuasivo, possibilidades que se misturam e se tornam infinitas.
FIQUE ATENTO!
A dificuldade na compreensão e interpretação de textos deve-se à falta do hábito da leitura. Sim! Então, desenvolva o hábito da leitura. Que tal estabelecer agora uma meta de ler, pelo menos, um livro por mês? Leia o que você mais gosta! Não importa o gênero. Crie o hábito da leitura e o gosto por ela. Quando passamos a gostar de algo, compreendemos melhor seu funcionamento. Nesse caso, as palavras tornam-se familiares a nós. Não se deixe levar pela falsa impressão de que ler não faz diferença.
DICAS DE ESTUDO
A maioria dos alunos acha interpretar muito difícil, então vou organizar esta parte da matéria em DICAS para ajudar no seu estudo! Não quero que você perca pontinhos preciosos!!
1) Não se assuste com o tamanho do texto. JAMAIS! Você irá vencê-lo.
2) Leia todo o texto pelo menos DUAS vezes, procurando ter uma visão geral do assunto principal. A primeira leitura será para você reconhecer o assunto. Podemos chamá-la de leitura informativa. Grife palavras chaves, a ideia principal de cada parágrafo.
3) Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim, ininterruptamente.
4) Ler o texto pelo menos duas vezes é importante também porque a primeira impressão pode ser falsa. Já na segunda leitura, do tipo interpretativa, você deverá compreender, analisar e sintetizar as informações do texto.
5) Antes de responder as questões, retorne ao texto para sanar as dúvidas. Na verdade, retorne ao texto SEMPRE que precisar. Isso pode parecer perda de tempo, mas não é, garante uma interpretação sem falhas!
6) Leia o texto com perspicácia (observando os detalhes), sutileza, malícia nas entrelinhas, para evitar pegadinhas. Atenção ao que se pede.
7) (PEGADINHA!) Às vezes, a interpretação está voltada para uma linha do texto e por isso você deve voltar ao parágrafo para localizar o trecho, pois uma frase fora do contexto pode mudar completamente de sentido!
8) Quando for resolver as questões que estarão aqui no material, no momento de estudo, seja curioso, utilize um dicionário e encontre o significado das palavras que você não conhece.
9) Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as do autor.
10) Dividir o texto em parágrafos ou partes pode melhorar a compreensão.
11) Sinalizar cada questão no parágrafo ou parte do texto correspondente facilita muito visualmente.
12) (PEGADINHA!) Cuidado com os vocábulos: destoa, não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras palavras que aparecem nos enunciados e que, às vezes, dificultam o entendimento do que está sendo solicitado. Elas te induzem ao erro!
13) (PEGADINHA!) Quando duas alternativas lhe parecem corretas (isso SEMPRE acontece, não é mesmo?!?!), as duas realmente estarão adequadas para a resposta! Então, procure a mais exata ou a mais completa. É comum acontecer isso! Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto e que responda ao enunciado.
14) Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, definindo o tema e a mensagem. O autor defende ideias e você deve percebê-las.
15) Aumente seu vocabulário e sua cultura. Além da leitura de textos, um bom exercício para ampliar seu conhecimento léxico é fazer palavras cruzadas. Faça também exercícios de palavras sinônimas e antônimas.
16) Seja leitor assíduo de jornais e revistas! Seja um concurseiro atualizado!
17) Antes de começar a leitura, procure a fonte daquele texto. Então você já terá uma dica para saber se é um texto literário ou não literário, um texto jornalístico ou não. Assim, poderá saber o que esperar dele.
18) Após a leitura, pense sobre a que Gênero textual o texto pertence (veremos isso mais adiante, ainda nesta aula). Se for uma notícia, por exemplo, vai saber que o texto deve conter um fato a ser narrado, onde ele aconteceu, quando e com quem, mas não deverá ter opinião do autor, por se tratar de uma fonte jornalística imparcial (pelo menos deveria ser, rs).
Após as dicas, vejam uma questão típica FCC:
Leia o texto a seguir.
Em fins do ano passado foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado a denominada Emenda Constitucional da Felicidade, que introduz no artigo 6º da Constituição Federal, relativo aos direitos sociais, frase com a menção de que são essenciais à busca da felicidade.
Pondera-se também que a busca individual pela felicidade pressupõe a observância da felicidade coletiva. Há felicidade coletiva quando são adequadamente observados os itens que tornam mais feliz a sociedade. E a sociedade será mais feliz se todos tiverem acesso aos básicos serviços públicos de saúde, educação, previdência social, cultura, lazer, entre outros, ou seja, justamente os direitos sociais essenciais para que se propicie aos indivíduos a busca da felicidade.
Pensa-se possível obter a felicidade a golpes de lei, em quase ingênuo entusiasmo, ao imaginar que, por dizer a Constituição serem os direitos sociais essenciais à busca da felicidade, se vai, então, forçar os entes públicos a garantir condições mínimas de vida para, ao mesmo tempo, humanizar a Constituição.
A menção à felicidade era própria da concepção de mundo do Iluminismo, quando a deusa razão assomava ao Pantheon e a consagração dos direitos de liberdade e de igualdade dos homens levava à crença na contínua evolução da sociedade para a conquista da felicidade plena sobre a Terra.
Trazer para os dias atuais, depois de todos os percalços que a História produziu para os direitos humanos, a busca da felicidade como fim do Estado de Direito é um anacronismo patente, sendo inaceitável hoje a inclusão de convicções apenas compreensíveis no irrepetível contexto ideológico do Iluminismo.
Confunde-se nessas proposições bem-intencionadas, politicamente corretas, o bem-estar social com a felicidade. A educação, a segurança, a saúde, o lazer, a moradia e outros mais são considerados direitos fundamentais de cunho social pela Constituição exatamente por serem essenciais ao bem-estar da população no seu todo. A satisfação desses direitos constitui prestação obrigatória do Estado, visando dar à sociedade bem-estar, sendo desnecessária, portanto, a menção de que são meios essenciais à busca da felicidade para se gerar a pretensão legítima ao seu atendimento.
O povo pode ter intensa alegria, por exemplo, ao se ganhar a Copa do Mundo de Futebol, mas não há felicidade coletiva, e sim bem-estar coletivo. A felicidade é um sentimento individual tão efêmero como variável, a depender dos valores de cada pessoa. Em nossa época consumista, a felicidade pode ser vista como a satisfação dos desejos, muitos ditados pela moda ou pelas celebridades. Ter orgulho, ter sucesso profissional podem trazer felicidade, passível de ser desfeita por um desastre, por uma doença.
Assim, os direitos sociais são condições para o bem-estar, mas nada têm a ver com a busca da felicidade. Sua realização pode impedir de ser infeliz, mas não constitui, de forma alguma, dado essencial para ser feliz.
(Miguel Reale Júnior. O Estado de S. Paulo, A2, Espaço Aberto, 5 de fevereiro de 2011, com adaptações).
01. (INSS - Perito Médico Previdenciário – FCC) Afirma-se corretamente que o autor
A) está convencido de que uma sociedade só poderá ser plenamente feliz se lhe for permitida a realização de todas as suas expectativas, principalmente quanto aos seus direitos básicos.
B) critica, tomando por base as obrigações do Estado de Direito e os conceitos de felicidade e de bem-estar coletivo, a proposta de Emenda Constitucional por considerá-la inócua e defasada.
C) defende a concessão, pelo Estado, de garantias constitucionais para que a sociedade tenha qualidade de vida, imprescindível à sensação de bem-estar coletivo, que se torna o caminho para a felicidade geral.
D) censura a tardia preocupação do Senado brasileiro em oferecer condições mínimas de qualidade de vida à população, com a oferta dos direitos básicos que venham a garantir a felicidade geral.
E) faz referência à necessária conscientização de que o bem-estar da população é um bem indiscutível, especialmente quanto à liberdade e à igualdade, a partir dos princípios que embasaram o Iluminismo.
Comentário: a alternativa B completa perfeitamente o enunciado. Vejamos o que há de errado nas outras:
A) está convencido de que uma sociedade só poderá ser plenamente feliz se lhe for permitida a realização de todas as suas expectativas, principalmente quanto aos seus direitos básicos. – ERRADA. O autor coloca-se contra a ideia de que a garantia dos direitos básicos são também garantia de uma sociedade feliz (confirme no último parágrafo).
C) defende a concessão, pelo Estado, de garantias constitucionais para que a sociedade tenha qualidade de vida, imprescindível à sensação de bem-estar coletivo, que se torna o caminho para a felicidade geral. – ERRADA. A posição do autor é justamente contrária. Segundo ele, o Estado deve garantir os direitos básicos para gerar bem-estar à sociedade. A felicidade é individual e depende de cada um (confirme nos parágrafos
6 e 7).
D) censura a tardia preocupação do Senado brasileiro em oferecer condições mínimas de qualidade de vida à população, com a oferta dos direitos básicos que venham a garantir a felicidade geral. – ERRADA. O autor não censura e nem diz achar tardia a preocupação do Senado.
(E) faz referência à necessária conscientização de que o bem-estar da população é um bem indiscutível, especialmente quanto à liberdade e à igualdade, a partir dos princípios que embasaram o Iluminismo. – ERRADA. Para o autor, a visão iluminista não se aplica nos dias de hoje da mesma maneira. Tal ideia seria hoje um anacronismo, funcionou apenas para aquela época (confirme no parágrafo 5).
GABARITO: B
FIQUE ATENTO!
Erros clássicos de entendimento de textos
Extrapolação: ocorre quando fazemos associações que estão além dos limites do texto, quando acrescentamos ideias que não estão no texto analisado.
Redução: ocorre quando nos restringimos à significação de uma palavra ou passagem do texto. É o contrário da extrapolação. A redução consiste em privilegiarmos um elemento que é verdadeiro, mas não é suficiente diante do conjunto que é o texto.
Contradição: ocorre quando, por uma leitura desatenta, pela não percepção de algumas relações, pela incompreensão de um raciocínio, pelo esquecimento de uma ideia dita anteriormente ou pela perda de uma passagem no desenvolvimento do texto, chega-se a uma conclusão contrária à que o texto propõe.
PEGADINHA!
Esse último erro é o mais perigoso. Cuidado!
A banca examinadora se apoia nele para “pegar” o candidato desatento.
Daí é que saem as pegadinhas na maioria das vezes. Uma alternativa pode vir apresentando muitas palavras do texto ou até expressões inteiras dele, mas com um sentido contrário. Aí, o candidato desatento ou ansioso faz o quê? Marca essa porque é a que apresenta mais “ao pé da letra” elementos presentes no texto.
INDO MAIS FUNDO!
O mistério
O que podemos experimentar de mais belo é o mistério. Ele é a fonte de toda a arte e ciência verdadeira. Aquele que for alheio a essa emoção, aquele que não se detém a admirar as colinas, sentindo-se cheio de surpresa, esse já está, por assim dizer, morto e tem os olhos extintos. O que fez nascer a religião foi essa vivência do misterioso - embora mesclado de terror. Saber que existe algo insondável, sentir a presença de algo profundamente racional e radiantemente belo, algo que compreenderemos apenas em forma muito rudimentar - é esta a experiência que constitui a atitude genuinamente religiosa. Neste sentido, e unicamente neste sentido pertenço aos homens profundamente religiosos.
(Albert Einstein - Como vejo o mundo)
Seguem alguns exemplos de erros no entendimento do texto.
Conclusões extrapolativas:
-
O texto fala sobre a importância de Deus e da religião, e sobre o mistério da criação do universo.
-
O texto afirma que todo cientista precisa ser artista e religioso, para poder compreender a natureza.
Conclusões redutivas:
-
O texto afirma que o terror fez nascer a religião.
-
O texto afirma que a nossa compreensão dos fenômenos é ainda muito.
Conclusão contraditória:
-
O texto afirma que quem experimenta o mistério está com os olhos fechados e não consegue compreender a natureza.
Agora, quer de fato aprender a analisar um texto? Faça muitas questões
de concurso! Treine! Treine! Treine... seja incansável!!
A partir daqui, proponho uma “bateria de questões” anteriores de bancas
diferentes. É com você!!você!!
QUESTÕES COMENTADAS
Texto base para as duas próximas questões.
As tendências que levaram D. Pedro II a querer dissimular o imenso poderio de que efetivamente dispunha e, é bom dizê-lo, que não lhe é regateado pela Constituição, faziam que fosse buscar, para ministros, aqueles que pareciam mais dóceis à sua vontade, ou que esperava poder submeter algum dia às decisões firmes, ainda que tácitas, da Coroa. Se não se recusa, conforme as circunstâncias, a pôr em uso algumas regras do parlamentarismo, jamais concordará em aceitar as que lhe retirariam a faculdade de nomear e demitir livremente os ministros de Estado para confiá-la a uma eventual maioria parlamentar. E se afeta ceder nesse ponto, é que há coincidência entre
sua vontade e a da maioria, ao menos no que diz respeito à nomeação. Ou então é porque não tem objeções sérias contra o chefe majoritário. Quando nenhum desses casos se oferece, discricionariamente exerce a escolha, e sabe que pode exercê-la, porque se estriba no art. 101, n.º 6, da Constituição do Império.
Sérgio Buarque de Hollanda. O Brasil monárquico. Do Império à República. In:
coleção História geral da civilização brasileira. São Paulo: Difusão Europeia do Livro,
1972, tomo II, vol. 5. p. 21 (com adaptações).
01. (CAM/DEP – 2014 – Analista Legislativo – CESPE/ UnB) Depreende-se do texto que o “art. 101, n.º 6, da Constituição do Império” tornou-se letra morta em decorrência da prática política adotada por D. Pedro II.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: trata-se de uma questão de interpretação de texto. A melhor maneira de ficar “craque” na interpretação é praticar muito, tanto com questões da banca do certame quanto de outras. É muito difícil um mesmo texto aparecer em mais de uma prova da banca, então, o jeito é ler e treinar o quanto puderem.
Diante de um texto, descubra primeiro do que se trata, depois tente compreender cada parágrafo e, por fim, seja capaz de parafrasear o que leu! Parece difícil, mas com a prática adquirida com muito estudo ficará moleza!!
Voltando à questão, a assertiva diz que Depreende-se do texto que o “art. 101, n.º 6, da Constituição do Império” tornou-se letra morta em decorrência da prática política adotada por D. Pedro II.
O texto afirma que Dom Pedro exercia a escolha dos Ministros de Estado com base no dispositivo constitucional mencionado: “Ou então é porque não tem objeções sérias contra o chefe majoritário. Quando nenhum desses casos se oferece, discricionariamente exerce a escolha, e sabe que pode exercê-la, porque se estriba no art. 101, n.º 6, da Constituição do Império.”. Assim, não podemos dizer que esse dispositivo tornou-se “letra morta”, já que ele fundamentava a escolha de Dom Pedro II.
Vale ressaltar que “estriba” vem do verbo “estribar”, que significa fundamentar.
GABARITO: ERRADO
Segundo a doutrina nacional, os crimes cibernéticos (também chamados de eletrônicos ou virtuais) dividem-se em puros (ou próprios), ou impuros (ou impróprios). Os primeiros são os praticados por meio de computadores e se realizam ou se consumam também em meio eletrônico. Os impuros ou impróprios são aqueles em que o agente se vale do computador como meio para produzir resultado que ameaça ou lesa outros bens, diferentes daqueles da informática.
É importante destacar que o Art. 154-A do Código Penal (Lei no. 12.737/2012) trouxe para o ordenamento jurídico o crime novo de "invasão de dispositivo informático" alheio, conectado ou não à rede de computadores mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tática do titular do dispositivo, ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. Quanto à culpabilidade, a conduta criminosa do delito cibernético caracteriza-se somente pelo dolo, não havendo a previsão legal da conduta na forma culposa.
Idem, ibidem
02. (MPU – 2015 – Técnico do MPU – CESPE) Depreende-se das informações do texto que, nos crimes cibernéticos chamados impuros ou impróprios, o resultado extrapola o universo virtual e atinge bens materiais alheios à informática.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: no texto temos: "Os (crimes cibernéticos ou crimes virtuais) impuros ou impróprios são aqueles em que o agente se vale do computador como meio para produzir resultado que ameaça ou lesa outros bens, diferentes daqueles da informática." Portanto, é correto afirmar que: nos crimes cibernéticos chamados impuros ou impróprios, o resultado extrapola o universo virtual e atinge bens materiais alheios à informática.
Vale ressaltar: ALHEIO = distante, afastado, longe, impróprio. Logo, diferentes daqueles da informática... alheios à informática.
GABARITO: CERTO
03. (MPU – 2015 – Técnico do MPU – CESPE) Ainda com base no texto da questão anterior, infere-se dos fatos apresentados que a consideração de crime para os delitos cibernéticos foi determinada há várias décadas, desde o surgimento da Internet.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: A questão poderia ser respondida apenas atentando para a data da lei: o ano de 2012. Assim sendo, não há como inferir que o delito foi determinado HÁ VÁRIAS DÉCADAS! O texto não traz tal informação especificada!
GABARITO: ERRADO
Talvez o distinto leitor ou a irresistível leitora sejam naturais, caso em que me apresso a esclarecer que nada tenho contra os naturais, antes pelo contrário. Na verdade, alguns dos meus melhores amigos são naturais. Como, por exemplo, o festejadíssimo cineasta Patrício Geraldo Sarno, que é baiano e é natural - pois neste mundo as combinações mais loucas são possíveis. Certa feita, estava eu a trabalhar em sua ilustre companhia quando ele me convidou para almoçar (os cineastas, tradicionalmente, têm bastante mais dinheiro do que os escritores; deve ser porque se queixam muito melhor). Aceito o convite, ele me leva a um restaurante que, apesar de simpático, me parece um pouco estranho. Por que a maior parte das pessoas comia com um ar religioso e contrito? Que prato seria aquele que, olhos revirados para cima, mastigação estoica e expressão de quem cumpria dever penosíssimo, um casal comia, entre goles de uma substância esverdeada e viscosa que lentamente se decantava - para grande prejuízo de sua já emética aparência - numa jarra suspeitosa? Logo foi esclarecido, quando meu companheiro e anfitrião, os olhos cintilantes e arregalado, me anunciou:
- Surpresa! Vais comer um almoço natural!
João Ubaldo Ribeiro. A vida natural. In: Arte e ciência de rouar galinha. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1998.
04. (CGE-PI – 2014 – Auditor Governamental – CESPE) Infere-se da leitura do texto que, para o autor, os baianos não são naturalmente adeptos da alimentação natural.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: precisamos deduzir algo do texto para compreendermos a questão. Ao dizer “...Geraldo Sarno, que é baiano E natural – pois neste mundo as combinações mais loucas são possíveis” o autor nos mostra um caso de exceção marcado pela conjunção “e”, usada como adversativa. Geraldo é baiano e, mesmo assim, gosta de comida natural.
Portanto, como Geraldo é uma exceção, podemos inferir que os baianos não são naturalmente adeptos da alimentação natural, conforme afirma o enunciado.
GABARITO: CERTO
Neste ano, em especial, alguns cargos que tradicionalmente já são valorizados devem ficar ainda mais requisitados. São promissores cargos ligado à ciência de dados, em especial a big data e aos dispositivos móveis, como celulares e tablets. Os novos profissionais da área de tecnologia ganham relevância pela capacidade de aprofundar análise de informações e pela criação de estratégias dentro de empresas. A tendência é que, à medida que esse mercado se desenvolva no Brasil, aumentem as oportunidades nos próximos anos. Em momentos de incerteza econômica, buscar soluções para aumentar a produtividade é uma escolha certeira para sobreviver e prosperar: nesse sentido, as empresas brasileiras estão fazendo o dever de casa.
Veja, 7 jan. 2015, p. 55 (adaptada).
05. (FUB – 2015 – Todos os cargos – CESPE) Depreende-se do texto que o Brasil vive um momento de grande incerteza econômica, principalmente por não haver avançado o suficiente no campo da tecnologia.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: Não é possível inferir que a incerteza econômica brasileira tem relação com o campo da tecnologia. O texto afirma que o campo da tecnologia é uma das soluções para aumentar a produtividade em tempos de incerteza econômica. Apesar de ter incerteza econômica, os setores estão se desenvolvendo, buscando soluções para aumentar a produtividade.
GABARITO: ERRADO
Texto base para as quatro questões que seguem.
Os primeiros anos que se seguiram à Proclamação da República foram de grandes incertezas quanto aos trilhos que a nova forma de governo deveria seguir. Em uma rápida olhada, identificam-se dois grupos que defendiam diferentes formas de se exercer o poder da República: os civis e os militares. Os civis, representados pelas elites das principais províncias - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul - queriam uma república federativa que desse muitas autonomia às unidades regionais. Os militares, por outro lado, defendiam um Poder Executivo forte e se opunham à autonomia buscada pelos civis. Isso sem mencionar as acirradas disputas internas de cada grupo. Esse era um quadro que demonstrava a grande instabilidade sentida pelos cidadãos que vivem naqueles anos. mas havia cidadãos?
Formalmente, a Constituição de 1891 definia como cidadãos os brasileiros natos e, em regra, os naturalizados. Podiam votar os cidadãos com mais de vinte e um anos de idade que tivessem se alistado conforme determinação legal. Mas o que, exatamente, significava isso? Em 1894, na primeira eleição para presidente da República, votaram 2,2% da população. Tudo indica que, apesar de a República ter abolido o critério censitório e adotado o voto direto, a participação popular continuou sendo muto baixa em virtude, principalmente, da proibição do voto dos analfabetos e das mulheres.
No que se refere à legislação eleitoral, alguns instrumentos legais vieram a público, mas nenhum deles alterou profundamente o processo eleitora da época. As principais alterações promovidas na legislação contemplaram o fim do voto censitário e a manutenção do voto direto. Essas modificações, embora importantes, tiveram pouca repercussão prática, já que o voto ainda era restrito - analfabetos e mulheres não votavam - e o processo eleitoral continuava permeado por toda sorte de fraudes.
Ane Ferrari Ramos Cajado.; Thiago Domelles e Amanda; Camylla Pereira. Eleições no Brasil: uma história de 500 anos. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, 2014, p. 27-8. Disponível em: www.tse.jus.br (adaptado).
06. (TRE-GO – 2015 – Analista Judiciário – CESPE) os instrumentos legais acerca da legislação eleitoral que surgiram logo após a promulgação da Constituição de 1891 tinham os objetivos de ampliar a parcela votante da população e diminuir as fraudes ocorridas durante o processo eleitoral, mas fracassaram nesses aspectos.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: Em nenhum momento no texto há menção de que as leis tinham objetivos de ampliar a parcela votante e diminuir as fraudes, observa-se no último parágrafo: "As principais alterações promovidas na legislação contemplaram o fim do voto censitário e a manutenção do voto direto. Essas modificações, embora importantes, tiveram pouca repercussão prática, já que o voto ainda era restrito -analfabetos e mulheres não votavam - e o processo eleitoral continuava permeado por toda sorte de fraudes".
GABARITO: ERRADO
07. (TRE-GO – 2015 – Analista Judiciário – CESPE) O fim do voto censitário e a manutenção do voto direto foram importantes porque denotaram a preocupação do governo com o povo e constituíram o início do processo democrático no Brasil.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: O que diz a assertiva não está de acordo com o que diz o texto, veja:
"Em 1894, na primeira eleição para presidente da República, votaram 2,2% da população. Tudo indica que, apesar de a República ter abolido o critério censitário e adotado o voto direto, a participação popular continuou sendo muito baixa em virtude, principalmente, da proibição do voto dos analfabetos e das mulheres".
Não é possível afirmar que havia uma "preocupação do governo com o povo e o início do processo democrático no Brasil" se apenas 2,2% da população votava nas eleições, sendo o voto dos analfabetos e das mulheres proibido.
GABARITO: ERRADO
08. (TRE-GO – 2015 – Analista Judiciário – CESPE) Nos primeiros anos após a Proclamação da República, os civis e os militares discordavam quanto à autonomia que deveria ser dada pelo governo às unidades regionais.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: A afirmação do enunciado está correta e pode ser confirmada no trecho: "Os civis, representados pelas elites das principais províncias - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul -, queriam uma república federativa que desse muita autonomia às unidades regionais.
Os militares, por outro lado, defendiam um Poder Executivo forte e se opunham à autonomia buscada pelos civis. "
GABARITO: CERTO
09. (TRE-GO – 2015 – Analista Judiciário – CESPE) A instabilidade observada nos anos que se seguiram à Proclamação da República deveu-se ao súbito ganho de poder dos civis, o que, de acordo com o texto, gerou acirradas disputas com os militares, tradicionais detentores do poder.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: Vejamos no texto: "Os primeiros anos que se seguiram à Proclamação da República foram de grandes incertezas quanto aos trilhos que a nova forma de governo deveria seguir."
Podemos analisar que não houve "súbito ganho de poder dos civis" e sim "grandes incertezas". Aliás o texto não fala nada sobre tal ganho de poder.
GABARITO: ERRADO
Texto base para as duas questões que seguem.
Segundo a Constituição Federal, todo poder emana do povo e por ele será exercido, quer de maneira direta, quer por intermédio de representantes eleitos. Essa afirmação, dentro do espírito do texto constitucional, deve ser interpretada como verdadeiro dogma estabelecido pelo constituinte originário, mormente quando nos debruçamos sobre o cenário político dos anos anteriores à eleição dos membros que comporiam a Assembleia Constituinte que resultou na Carta de 1988.
Em expedita sinopse, é possível perceber que, após longo período de repressão à manifestação do pensamento, o povo brasileiro ansiava por exercer o direito de eleger os seus representantes com o objetivo de participar direta ou indiretamente da formação da vontade política da nação.
Dentro desse contexto, impende destacar que os movimentos populares que ocorreram a partir do ano de 1984, que deram margem ao início do processo de elaboração da nova Carta, deixaram transparecer de maneira cristalina aos então governantes que o coração da nação brasileira estava palpitante, quase que exageradamente acelerado, tendo em vista a possibilidade de se recuperar o exercício do poder, cujo titular, por longo lapso, deixou de ser escolhido pelo povo brasileiro.
Em meio a esse cenário, foi elaborado o texto constitucional, que, desde então, recebeu a denominação de Constituição Cidadã. O art. 14 desse texto confere ênfase à titularidade do poder para ressaltar que "A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual a todos", deixando transparecer que a intenção da Lei Maior é fazer que o povo exerça efetivamente o seu direito de participar da formação da vontade política.
Fernando Marques Sa. Desaprovação das contas de campanha do candidato - avanço da legislação para as eleições de 2014. In: Estudos eleitorais. Brasília: Tribunal Superior Eleitoral, Vol. 9, no. 2, 2014, p. 52-3. Internet: www.tse.jus.br (adaptado).
10. (TRE-GO – 2015 – Analista Judiciário – CESPE) A Constituição Federal de 1988 é denominada de Constituição Cidadã por conferir ênfase à titularidade do exercício do poder pelo povo, como se pode observar no texto do artigo 14 da Carta Magna.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: A resposta para esta questão está no último parágrafo, que contextualiza a elaboração da Constituição Cidadã no período em que o povo buscava recuperar o exercício do poder. A denominação da Carta Magna se deve à titularidade do poder pelo povo, conforme dispõe o art. 14.
GABARITO: CERTO
11. (TRE-GO – 2015 – Analista Judiciário – CESPE) Foi necessária a
promulgação da Carta Magna de 1988 para que o exercício do poder pelo povo
virasse realidade.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: Assertiva errada, pois o texto deixa claro que, antes de 1988, em algum momento, o exercício do poder já foi do povo brasileiro. É o que se entende pelo trecho da linha vinte: “A nova Carta representava: a possibilidade de recuperar o exercício do poder...”. Recuperar é ter novamente algo que se teve antes.
GABARITO: ERRADO
O tráfico internacional de drogas começou a desenvolver-se em meados da década de 70, tendo tido o seu boom na década de 80. Esse desenvolvimento está estreitamente ligado à crise econômica mundial. O narcotráfico determina as economias dos países produtores de coca e, ao mesmo tempo, favorece principalmente o sistema financeiro mundial. O dinheiro oriundo da droga corresponde à lógica do sistema financeiro, que é eminentemente especulativo. Este necessita, cada vez mais, de capital “livre” para girar, e o tráfico de drogas promove o “aparecimento mágico” desse capital que se acumula de modo rápido e se move velozmente.
A América Latina participa do narcotráfico na qualidade de maior produtora mundial de cocaína, e um de seus países, a Colômbia, detém o controle da maior parte do tráfico internacional. A cocaína gera “dependência” em grupos econômicos e até mesmo nas economias de alguns países, como nos bancos da Flórida, em algumas ilhas do Caribe ou nos principais países produtores - Peru, Bolívia e Colômbia, para citar apenas os casos de maior destaque. Na Bolívia, os lucros com o narcotráfico chegam a US$ 1,5 bilhão contra US$ 2,5 bilhões das exportações legais.
Na Colômbia, o narcotráfico gera de US$ 2 a 4 bilhões, enquanto as exportações oficiais geram US$ 5,25 bilhões. Nesses países, a corrupção é generalizada. Os narcotraficantes controlam o governo, as forças armadas, o corpo diplomático e até as unidades encarregadas do combate ao tráfico. Não há setor da sociedade que não tenha ligação com os traficantes e até mesmo a Igreja recebe contribuições destes.
Oswaldo Coggiola
12. (Polícia Federal – 2014 – Agente – CESPE) Depreende-se do texto uma discrepância na ligação do narcotráfico com a Igreja e com unidades de combate ao tráfico.
( ) Certo
( ) Errado
Comentário: Façamos primeiro uma análise das palavras envolvidas que talvez causem dúvidas:
Depreender = concluir
Discrepância = discordância, desigualdade.
Agora vamos analisar a questão: Depreende-se do texto uma discrepância na ligação do narcotráfico com a Igreja e com unidades de combate ao tráfico, ou seja, conclui-se do texto uma discordância na ligação do narcotráfico com a Igreja e com unidades de combate ao tráfico. Observem os últimos parágrafos: "Os narcotraficantes controlam o governo, as forças armadas, o corpo diplomático e até as unidades encarregadas do combate ao tráfico. Não há setor da sociedade que não tenha ligação com os traficantes e até mesmo a Igreja recebe contribuições destes." (Grifo meu). Então, a questão é ERRADA! Pois NÃO existe uma discordância (discrepância) na ligação do narcotráfico com a Igreja e com unidades de combate ao tráfico. Eles também têm ligação com os traficantes.
A discordância existe se levarmos em consideração o nosso conhecimento de mundo e os nossos valores éticos. Não é normal para a maioria de nós que a igreja e os órgãos de combate ao tráfico tenham alguma relação com os traficantes, mas devemos ter cuidado para não deixar a nossa avaliação pessoal influenciar a nossa escolha do gabarito. Ok? Aí tem uma pegadinha.
GABARITO: ERRADO
Diante do futuro
Que me importa o presente? No futuro é que está a existência dos verdadeiros homens. Guyau*, a quem não me canso de citar, disse em uma de suas obras estas palavras: “Porventura sei eu se viverei amanhã, se viverei mais uma hora, se a minha mão poderá terminar esta linha que começo? A vida está por todos os lados cercada pelo Desconhecido. Todavia executo, trabalho, empreendo; e em todos os meus atos, em todos os meus pensamentos, eu pressuponho esse futuro com o qual nada me autoriza a contar. A minha atividade excede em cada minuto o instante presente, estende-se ao futuro. Eu consumo a minha energia sem recear que esse consumo seja uma perda estéril, imponho-me privações, contando que o futuro as resgatará − e sigo o meu caminho. Essa incerteza que me comprime de todos os lados equivale para mim a uma certeza e torna possível a minha liberdade − é o fundamento da moral especulativa com todos os riscos. O meu pensamento vai adiante dela, com a minha atividade; ele prepara o mundo, dispõe do futuro. Parece-me que sou senhor do infinito, porque o meu poder não é equivalente a nenhuma quantidade determinada; quanto mais trabalho, mais espero.”
* Jean-Marie Guyau (1854-1888), filósofo e poeta francês. (PRADO, Antonio Arnoni
(org.). Lima Barreto: uma autobiografia literária. São Paulo: Editora 34, 2012.
p. 164).
13. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) Lima Barreto vale-se do texto de Guyau para defender a tese de que
A) as projeções do futuro só importam quando estiverem visceralmente ligadas às experiências do presente.
B) o futuro ganha plena importância quando temos a convicção de que todas as nossas ações são duradouras.
C) as ações do presente têm sua importância determinada pelo valor intrínseco de que se revestem.
D) as ações do presente ganham sentido quando projetadas e executadas com vistas ao futuro.
E) o futuro só é do nosso domínio quando nossas ações no tempo presente logram antevê-lo e iluminá-lo.
Comentário: esta questão quer saber a tese do autor. Em um texto argumentativo, a tese é a opinião de quem o escreve sobre determinado assunto. No texto em questão o autor usa a citação de Guyau sobre o futuro concordando com ele. Esta é a tese: viver o presente projetando e executando ações para o futuro.
GABARITO: D
14. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) O fato de nossa vida estar cercada pelo desconhecido não deve implicar uma restrição aos empreendimentos humanos, já que, para Guyau,
A) a incerteza do futuro não elimina a possibilidade de tomá-lo como parâmetro dos nossos empreendimentos.
B) os nossos atos tendem a se tornar estéreis quando pautados por uma visão otimista do futuro.
C) a brevidade do tempo que temos para viver autoriza-nos a viver o presente com o máximo de intensidade.
D) o fundamento da moral especulativa está em planejar o futuro sem atentar para as circunstâncias presentes.
E) o trabalho estéril executado no presente acumula energias que serão desfrutadas no futuro.
Comentário: O autor citado tem um otimismo latente no que se refere ao futuro. Ainda que não seja certo, o autor vive pensando nele. Vive o presente voltado para o futuro, sem pensar que a energia perdida hoje seja estéril. O fundamento especulativo é viver com a certeza do futuro, mesmo que, na verdade, seja incerto.
GABARITO: A
Questão de gosto
A expressão parece ter sido criada para encerrar uma discussão. Quando alguém apela para a tal da “questão de gosto”, é como se dissesse: “chega de conversa, inútil discutir”.
A partir daí nenhuma polêmica parece necessária, ou mesmo possível. “Você gosta de Beethoven? Eu prefiro ouvir fanfarra de colégio.” Questão de gosto.
Levada a sério, radicalizada, a “questão de gosto” dispensa razões e argumentos, estanca o discurso crítico, desiste da reflexão, afirmando despoticamente a instância definitiva da mais rasa subjetividade. Gosto disso, e pronto, estamos conversados.
Ao interlocutor, para sempre desarmado, resta engolir em seco o gosto próprio, impedido de argumentar. Afinal, gosto não se discute. Mas se tudo é questão de gosto, a vida vale a morte, o silêncio vale a palavra, a ausência vale a presença − tudo se relativiza ao infinito. Num mundo sem valores a definir, em que tudo dependa do gosto, não há lugar para uma razão ética, uma definição de princípios, uma preocupação moral, um empenho numa análise estética. O autoritarismo do gosto, tomado em sentido absoluto, apaga as diferenças reais e proclama a servidão ao capricho. Mas há quem goste das fórmulas ditatoriais, em vez de enfrentar o desafio de ponderar as nossas contradições.
(Emiliano Barreira, inédito)
15. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) Definida como instância definitiva da mais rasa subjetividade, a questão de gosto opõe-se, terminantemente,
A) à atribuição de mérito à naturalidade de uma primeira impressão.
B) ao primado do capricho pessoal, ao qual tantas vezes se apela.
C) à dinâmica de argumentos criteriosos na condução de uma polêmica.
D) ao subterfúgio de que nos valemos para evitar um princípio de discussão.
E) ao princípio da recusa a qualquer fundamentação racional numa discussão.
Comentário: A instância definitiva da mais rasa subjetividade é a tal questão de gosto, citada no texto, é quando as discussões deixam de acontecer, porque gosto não se discute. Dessa forma, não adianta argumentar, discutir, gosto é gosto. Isso se opõe então à dinâmica de argumentação e polêmica.
GABARITO: C
16. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) Atente para as seguintes afirmações:
I. No 1º parágrafo, a menção a Beethoven e a fanfarra de colégio ilustra bem a disposição do autor em colocar lado a lado manifestações artísticas de valor equivalente.
II. No 2º parágrafo, o termo despoticamente qualifica o modo pelo qual alguns interlocutores dispõem-se a desenvolver uma polêmica.
III. No 3º parágrafo, a expressão servidão ao capricho realça a acomodação de quem não se dispõe a enfrentar a argumentação crítica.
Em relação ao texto está correto o que se afirma APENAS em
A) I.
B) I e II.
C) II.
D) II e III.
E) III.
Comentário: a única alternativa correta é a III, pois, para aqueles que estão acomodados nas suas próprias opiniões, a argumentação não faz sentido. Vamos ver o que há de errado nas outras:
I. No 1º parágrafo, a menção a Beethoven e à fanfarra de colégio ilustra bem a disposição do autor em colocar lado a lado manifestações artísticas de valor equivalente. – tais manifestações artísticas são de valores opostos.
II. No 2º parágrafo, o termo despoticamente qualifica o modo pelo qual alguns interlocutores dispõem-se a desenvolver uma polêmica. – Não se desenvolve polêmica despoticamente, pois, dessa maneira, as opiniões não seriam levadas em conta.
GABARITO: E
17. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) Ao longo do texto o autor se vale de expressões de sentido antagônico, para bem marcar a oposição entre uma razão crítica e uma mera manifestação do gosto. É o que se constata quando emprega
A) encerrar uma discussão e nenhuma polêmica.
B) engolir em seco e impedido de argumentar.
C) desafio de ponderar e estanca o discurso crítico.
D) tudo é questão de gosto e tudo se relativiza.
E) servidão ao capricho e fórmulas ditatoriais.
Comentário: esta questão busca uma alternativa que tenha antagonismo entre as partes, ou seja, uma oposição. É o que temos na alternativa C. Nas outras, uma expressão está em conformidade com a outra.
A) encerrar uma discussão e nenhuma polêmica. Podemos dizer que encerrar, finalizar uma discussão é não dar espaço para polêmica.
B) engolir em seco e impedido de argumentar. Engolia a seco é uma expressão que significa não poder argumentar, ter que ficar calado.
C) desafio de ponderar e estancar o discurso crítico. “Estanca” vem do verbo “estancar”, que é o mesmo que fazer cessar, extinguir, impedir ou esgotar. Dessa forma, estancar o discurso crítico é o mesmo que cessar ou impedir que as opiniões sejam expostas, ou seja, NÃO deixar que se pondere um fato por opiniões diferentes.
(D) tudo é questão de gosto e tudo se relativiza. “Questão de gosto” é uma expressão que significa que tudo é relativo, depende do gosto de cada um.
(E) servidão ao capricho e fórmulas ditatoriais. “Servidão ao capricho” é fazer servir sob “fórmulas ditatoriais”.
GABARITO: C
Sobre a publicação de livros
Muito se tem discutido, recentemente, sobre direitos e restrições na publicação de livros. Veja-se o que dizia o filósofo Voltaire, em 1777: “Não vos parece, senhores, que em se tratando de livros, só se deve recorrer aos tribunais e soberanos do Estado quando o Estado estiver sendo comprometido nesses livros? Quem quiser falar com todos os seus compatriotas só poderá fazê-lo por meio de livros: que os imprima, então, mas que responda por sua obra. Se ela for ruim, será desprezada; se for provocadora, terá sua réplica; se for criminosa, o autor será punido; se for boa, será aproveitada, mais cedo ou mais tarde.”
(Voltaire, O preço da justiça. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins
Fontes, 2001. p. 56)
18. (TRT-2ª – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC) A posição de Voltaire está corretamente resumida na seguinte frase:
A) A publicação de livros é uma questão de Estado e somente na instância do Estado deve ser administrada.
B) Os autores de livros, soberanos para emitir suas opiniões, devem permanecer à margem das sanções dos tribunais.
C) A única consequência admissível da publicação de um livro é a reação do público leitor, a quem cabe o juízo definitivo.
D) Afora alguma razão de Estado, não se deve incriminar um autor pela divulgação de suas ideias.
E) O Estado só deve ser invocado para julgar um livro quando isso constituir manifesta exigência do público.
Comentário: a opinião de Valtaire está resumida na alternativa D.
Vejamos as outras:
A) A publicação de livros é uma questão de Estado e somente na instância do Estado deve ser administrada. – A publicação de livros NÃO é uma questão de Estado.
B) Os autores de livros, soberanos para emitir suas opiniões, devem
permanecer à margem das sanções dos tribunais. – Voltaire discorda disso, ele acha que, se os autores são soberanos para emitir suas opiniões, devem responder por elas, não ficarem às margens dos tribunais.
C) A única consequência admissível da publicação de um livro é a reação do público leitor, a quem cabe o juízo definitivo. – Voltaire NÃO afirmou isso.
E) O Estado só deve ser invocado para julgar um livro quando isso constituir manifesta exigência do público. – Voltaire NÃO falou sobre isso.
GABARITO: D
Atenção: Para responder à questão a seguir, considere o texto:
O MAQUINISTA empurra a manopla do acelerador. O trem cargueiro começa a avançar pelos vastos e desertos prados do Cazaquistão, deixando para trás a fronteira com a China.
O trem segue mais ou menos o mesmo percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho que ligava a China à Europa e era usado para o transporte de especiarias, pedras preciosas e, evidentemente, seda, até cair em desuso, seis séculos atrás.
Hoje, a rota está sendo retomada para transportar uma carga igualmente preciosa: laptops e acessórios de informática fabricados na China e enviados por trem expresso para Londres, Paris, Berlim e Roma.
A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas de camelos e cavalos a partir de 120 a.C., quando Xi'an − cidade do centro-oeste chinês, mais conhecida por seus guerreiros de terracota − era a capital da China.
As caravanas começavam cruzando os desertos do oeste da China, viajavam por cordilheiras que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.
Esses caminhos floresceram durante os primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a navegação marítima se expandiu e que o centro político da China se deslocou para Pequim, a atividade econômica do país migrou na direção da costa.
Hoje, a geografia econômica está mudando outra vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China dispararam na última década. Por isso as indústrias estão transferindo sua produção para o interior do país.
O envio de produtos por caminhão das fábricas do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai − e de lá por navios que contornam a Índia e cruzam o canal de Suez − é algo que leva cinco semanas. O trem da Rota da Seda reduz esse tempo para três semanas. A rota marítima ainda é mais barata do que o trem, mas o custo do tempo agregado por mar é considerável.
Inicialmente, a experiência foi realizada nos meses de verão, mas agora algumas empresas planejam usar o frete ferroviário no próximo inverno boreal. Para isso adotam complexas providências para proteger a carga das temperaturas que podem atingir 40°C negativos.
(Adaptado de: www1.folhauol.com.br/FSP/newyorktimes/122473)
19. (TRT-19 – 2014 - ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC) Depreende-se corretamente do texto:
A) A lendária Rota da Seda foi abandonada porque as caravanas de camelos e cavalos tinham dificuldade de enfrentar o frio extremo da região.
B) A expansão da navegação marítima colaborou para que, no passado, a atividade comercial da China migrasse na direção da costa.
C) O frete ferroviário deve ser substituído pelo transporte marítimo no inverno, já que a carga a ser transportada pode ser danificada pelas baixas temperaturas.
D) A partir da retomada da Rota da Seda, as fábricas chinesas voltaram a exportar quantidades significativas de especiarias.
E) A navegação chinesa se expandiu e o transporte marítimo atingiu o seu auge durante a época em que Xi’an era a capital da China.
Comentário: Depreender do texto é poder afirmar algo a partir da leitura dele, por raciocínio lógico. Vamos analisar as alternativas:
(A) A lendária Rota da Seda foi abandonada porque as caravanas de camelos e cavalos tinham dificuldade de enfrentar o frio extremo da região. - ERRADA. A lendária Rota da Seda foi abandonada quando a atividade econômica do país mudou para a costa devido às grandes navegações e ao deslocamento do centro político da China para Pequim.
(C) O frete ferroviário deve ser substituído pelo transporte marítimo no inverno, já que a carga a ser transportada pode ser danificada pelas baixas temperaturas. ERRADA. Os cuidados para que as cargas não sejam danificadas pelas baixas temperaturas deverão ser tomados, mas a ideia é que, mesmo durante o inverno boreal, o transporte seja ferroviário.
(D) A partir da retomada da Rota da Seda, as fábricas chinesas voltaram a exportar quantidades significativas de especiarias. ERRADA. O texto não fala nada sobre as empresas voltarem a vender especiarias.
(E) A navegação chinesa se expandiu e o transporte marítimo atingiu o seu auge durante a época em que Xi’an era a capital da China. ERRADA. O desenvolvimento e o auge do transporte marítimo levaram a capital da China para Pequim.
GABARITO: B
As 4 questões a seguir baseiam-se no texto apresentado abaixo.
Caipiradas
A gente que vive na cidade procurou sempre adotar modos de ser, pensar e agir que lhe pareciam os mais civilizados, os que permitem ver logo que uma pessoa está acostumada com o que é prescrito de maneira tirânica pelas modas – moda na roupa, na etiqueta, na escolha dos objetos, na comida, na dança, nos espetáculos, na gíria. A moda logo passa; por isso, a gente da cidade deve e pode mudar, trocar de objetos e costumes, estar em dia. Como consequência, se entra em contato com um grupo ou uma pessoa que não mudaram tanto assim; que usam roupa como a de dez anos atrás e
respondem a um cumprimento com certa fórmula desusada; que não sabem qual é o cantor da moda nem o novo jeito de namorar; quando entra em contato com gente assim, o citadino diz que ela é caipira, querendo dizer que é atrasada e portanto meio ridícula.
Diz, ou dizia; porque hoje a mudança é tão rápida que o termo está saindo das expressões de todo dia e serve mais para designar certas sobrevivências teimosas ou alteradas do passado: músicas caipiras, festas caipiras, danças caipiras, por exemplo. Que, aliás, na maioria das vezes, conhecemos não praticadas por caipiras, mas por gente que finge de caipira e usa a realidade do seu mundo como um produto comercial pitoresco.
Nem podia ser de outro modo, porque o mundo em geral está mudando depressa demais, e nada pode ficar parado. Hoje, creio que não se pode falar mais de criatividade cultural no universo do caipira, porque ele quase acabou. O que há é impulso adquirido, resto, repetição – ou paródia e imitação deformada, mais ou menos parecida. Há, registre-se, iniciativas culturais com o fito de fixar o que sobra de autêntico no mundo caipira. É o caso do disco Caipira. Raízes e frutos, do selo Eldorado, gravado em 1980, que será altamente apreciado por quantos se interessem por essa cultura tão especial, e já quase extinta.
(Adaptado de Antonio Candido, Recortes
2

20. (TRT/16 Î 2012 - TECNICO JUDICIÁRO Î FCC) No primeiro parágrafo, estabelece-se uma contraposição entre as expressões
(A) Logo passa e estar em dia, destacando parâmetros adotados pelos caipiras.
(B) de maneira tirânica e está acostumada, enfatizando as críticas dos citadinos aos modos caipiras.
(C) deve e pode mudar, sublinhando os impulsos a que os caipiras têm que se render.
(D) é atrasada e meio ridícula, acentuando a variabilidade que ocorre com as modas.
(E) mais civilizados e forma desusada, identificando pontos de vista adotados pelos citadinos.
Comentário: a única oposição apresentada é a que existe entre "mais civilizados " e "forma desusada", pois indica o modo bom e o modo ruim de ser, segundo um citadino. GABARITO: E
21. (TRT/16 – 2012 - TECNICO JUDICIÁRO – FCC) Atente para as seguintes afirmações sobre o primeiro parágrafo:
I. Com a expressão “o que é prescrito de maneira tirânica”, o autor está qualificando modos de ser, pensar e agir, com cuja imposição os citadinos estão acostumados.
II. A submissão dos citadinos aos valores da moda é a causa de uma alternância de valores que reflete uma clara hesitação entre o que é velho e o que é novo.
III. No último e longo período, a sequência de pontos e vírgulas destaca uma enumeração de traços que identificam um caipira aos olhos do citadino.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em:
A) II e III, apenas.
B) I e II, apenas.
C) I, II e III.
D) III, apenas.
E) I e III, apenas.
Comentário: Vamos analisar as afirmações:
I. CORRETA
II. A submissão dos citadinos aos valores da moda é a causa de uma alternância de valores que reflete uma clara hesitação entre o que é velho e o que é novo. – ERRADA. Os citadinos buscam sempre o que é novo, pois o que é velho é dado como caipira.
III. CORRETA
GABARITO: E
22. (TRT/16 – 2012 - TECNICO JUDICIÁRIO – FCC) Atentando-se para o 2º parágrafo, é correto afirmar que o segmento
A) “Diz, ou dizia” sugere a velocidade com que um novo elemento da moda aprimora um anterior.
B) “certas sobrevivências teimosas ou alteradas” designa a precária permanência de costumes caipiras.
C) “o termo está saindo das expressões de todo dia” refere-se à moda que deixa de ser seguida.
D) “um produto comercial pitoresco” traduz a maneira pela qual o citadino reconhece a moda que ele mesmo promove.
E) “a realidade do seu mundo” está-se referindo ao universo do citadino.
Comentário: vamos reler o 2º parágrafo.
“Diz, ou dizia; porque hoje a mudança é tão rápida que o termo está saindo das expressões de todo dia e serve mais para designar certas sobrevivências teimosas ou alteradas do passado: músicas caipiras, festas caipiras, danças caipiras, por exemplo. Que, aliás, na maioria das vezes, conhecemos não praticadas por caipiras, mas por gente que finge de caipira e usa a realidade do seu mundo como um produto comercial pitoresco”.
A – Não... “Diz, ou dizia” indica que tudo muda, até a forma de falar e designar algo.
B – Sim... sobrevivência teimosa é a dos hábitos caipiras.
C – Não... a moda continua a ser seguida, o que muda é o nome que se dá àqueles que não a seguem.
D – Não... o produto comercial pitoresco não é a moda, mas o que foge dela.
E – Não... refere-se àquele que finge ser caipira.
GABARITO: B
23. (TRT/16 – 2012 - TECNICO JUDICIÁRO – FCC) Ao afirmar que o universo do caipira (...) quase acabou, o autor emprega o termo quase em função
A) de remanescerem repetições e paródias que aludem ao mundo caipira.
B) de as mudanças do nosso tempo ocorrerem em alta velocidade.
C) de iniciativas culturais que reavivam e fortalecem os costumes caipiras.
D) da fermentação cultural que se propaga criativamente nesse universo.
E) da autenticidade que o citadino ainda reconhece nos costumes caipiras.
Comentário: vamos contextualizar o trecho retirado do texto: “porque o mundo em geral está mudando depressa demais, e nada pode ficar parado. Hoje, creio que não se pode falar mais de criatividade cultural no universo do caipira, porque ele quase acabou. O que há é impulso adquirido, resto, repetição – ou paródia e imitação deformada, mais ou menos parecida.”
Ao ler o trecho dado dentro do contexto, fica claro que a alternativa correta é a A, pois o universo caipira ainda é lembrado pelas paródias e imitações.
GABARITO: A
24. (DPE/MS – 2015 – Administrador – FGV) A charge é produzida com alusão
A) à crise de energia no país.
B) à perda de controle da inflação.
C) ao aumento geral de preços.
D) à falta grave de água.
D) ao consumo exagerado de álcool.
Comentário: ao dizer, o personagem, que o Alaor deve estar muito rico (Mega-sena ou herança) por ter servido água para os convidados da filha, durante quatro horas, ele deixa claro que a água em pouco tempo será artigo de luxo, irá faltar e só terão acesso aqueles que puderem pagar caro por ela!
GABARITO: D
Os sete erros que devem ser evitados em tempos de seca
O primeiro desses “erros” era “usar água da chuva para beber, tomar banho e cozinhar”. Segundo o aviso, “A água da chuva armazenada em casa não pode ser usada para beber, tomar banho e cozinhar porque ela contém uma alta concentração de poluentes atmosféricos, que podem causar mal à saúde. Essa água só é indicada para consumo com tratamento químico, feito somente por especialistas, não bastando ferver ou filtrar. Por isso, é melhor usá-la apenas na limpeza da casa”.
25. (DPE/MS – 2015 – Administrador – FGV) Segundo o aviso, o problema principal da água da chuva é
A) o armazenamento deficiente.
B) a utilização inadequada.
C) a composição química.
D) a falta de tratamento.
E) o emprego generalizado.
Comentário: segundo o trecho “A água da chuva armazenada em casa não pode ser usada para beber, tomar banho e cozinhar porque ela contém uma alta concentração de poluentes atmosféricos, que podem causar mal à saúde”, a água da chuva não pode ser usada como potável, por sua composição química prejudicial.
GABARITO: C
Guardar água em vasilhame de material de limpeza
Não adianta lavar mil vezes. Nunca reutilize galões de material de limpeza ou de qualquer outro produto que tenha substância química para guardar água para consumo. A água pode ser contaminada e causar problemas à saúde.
26. (DPE/MS – 2015 – Administrador – FGV A frase “Não adianta lavar mil vezes” mostra
A) a tendência ao exagero como efeito expressivo.
B) o aborrecimento com ações erradas, mas repetidas.
C) o destaque do motivo do erro citado.
D) a utilização de gíria para melhor efeito da mensagem.
E) a ênfase numa ação útil, mas ineficiente.
Comentário: ninguém vai lavar mil vezes literalmente algo antes de usar, não é? Essa expressão, “mil vezes”, é uma forma exagerada usada para dar expressividade e ênfase ao texto. Em linguagem figurada, tal recurso é chamado de hipérbole.
GABARITO: A
Diminuir a higiene pessoal
Deixar de escovar os dentes, de lavar a louça ou de dar descarga, acumulando sujeira no corpo e em casa, não são as melhores formas de economizar água, porque não adianta optar por isso em troco da saúde. O ideal é economizar usando um copo com água na escovação, diminuindo a louça usada para cozinhar (levar à panela à mesa em vez de usar um refratário) e usar água de reuso no vaso sanitário.
27. (DPE/MS – 2015 – Administrador – FGV) Na frase “Escolas de São Paulo vetam até escova de dente para economizar água.”, o emprego do até mostra um modalizador, ou seja, um termo em que o enunciador do texto expressa uma opinião.
Nesse caso, a opinião é de que
A) há um exagero na medida.
B) mostra um cuidado exemplar na medida tomada.
C) indica uma dúvida sobre o efeito pretendido.
D) ocorrem inúmeros outros casos de economia de água.
E) demonstra um apoio à medida tomada.
Comentário: a tomada de opinião é contra a medida exagerada de economizar água evitando que o aluno escove os dentes, o que é uma prática extremamente necessária para a saúde bucal. O ”até” modaliza a fala do autor, demonstrando a opinião dele. É um recurso argumentativo.
GABARITO: A
Observe a charge a seguir.
28. (DPE/MS – 2015 – Administrador – FGV) Sobre a charge, assinale a opção que indica a leitura inadequada.
A) A imagem do chão seco intensifica a seca.
B) O único pingo d’água indica falta de água.
C) A gota de água também pode indicar uma lágrima.
D) A ausência de água na torneira é uma crítica às autoridades.
E) A cor clara do céu mostra a presença do sol intenso.
Comentário: a charge faz uma crítica ao desperdício de água, o que leva à falta dela. Tal crítica não está direcionada a ninguém ou ao governo de maneira específica, mas a todos que contribuem para esse quadro de seca. Sendo assim, a alternativa D está incorreta.
GABARITO: D
“A saga do rapto de Helena e a subsequente Guerra de Troia continuam sendo um dos melhores exemplos dos perigos da luxúria. No todo, a história sugere quão imprudente é para um hóspede na casa de um homem levar consigo, ao partir, a esposa do anfitrião. Acrescentamos a esse erro crasso a dupla idiotice da raiva e da inveja, agravadas quando o marido abandonado, Menelau, insistiu nos direitos de um velho tratado e arrastou todo o seu reino e os dos vizinhos em missão de vingança. Muitos deles demoraram quase vinte anos na guerra e no retorno, para não falar na maioria que morreu, deixando os lares e as famílias no desamparo e na ruína – mal sobrevivendo, sugerem os registros, a assédios diversos e a desastres naturais.”
(Menelau e a esposa perdida, Stephen Weir)
29. (TJ/BA – 2015 – Analista Judiciário – FGV) O erro histórico aludido nesse texto inclui um conjunto de defeitos humanos; aquele que está caracterizado de forma imperfeita, por NÃO fazer parte do texto, é:
A) a imprudência do hóspede, que sequestrou a mulher de Menelau;
B) o espírito de vingança de Menelau, que arrastou os reinos gregos para a Guerra de Troia;
C) a irresponsabilidade de alguns heróis, que deixaram suas famílias ao desamparo;
D) a raiva e a inveja do marido traído, que provocou o conflito entre gregos e troianos;
E) a beleza de Helena, que seduziu o hóspede do marido.
Comentário: o conjunto de defeitos humanos, citados no texto, inclui luxúria, imprudência, raiva, inveja, desejo de vingança. Observe que não inclui a beleza de Helena. Sendo assim, a alternativa E está INCORRETA.
“A saga do rapto de Helena e a subsequente Guerra de Troia continuam sendo um dos melhores exemplos dos perigos da luxúria. No todo, a história sugere quão imprudente é para um hóspede na casa de um homem levar consigo, ao partir, a esposa do anfitrião. Acrescentamos a esse erro crasso a dupla idiotice da raiva e da inveja, agravadas quando o marido abandonado, Menelau, insistiu nos direitos de um velho tratado e arrastou todo o seu reino e os dos vizinhos em missão de vingança”.
GABARITO: E
“O caminho para baixo era estreito e íngreme, e tanto os homens quanto os animais não sabiam onde estavam pisando, por causa da neve; todos os que saíam da trilha ou tropeçavam em algo perdiam o equilíbrio e despencavam no precipício. A esses perigos eles resistiam, pois àquela altura já se haviam acostumado a tais infortúnios, mas, por fim, chegaram a um lugar onde o caminho era estreito demais para os elefantes e até para os animais de carga. Uma avalanche anterior já havia arrastado cerca de trezentos metros da encosta, ao passo que outra, mais recente, agravara ainda mais a situação. A essa altura, os soldados mais uma vez perderam a calma e quase caíram em desespero.”
(Políbio, Histórias)
30. (TJ/BA – 2015 – Analista Judiciário – FGV) Esse texto fala de um outro erro histórico, cometido por Aníbal, general de Cartago, que pretendeu chegar a Roma atravessando os Alpes durante o inverno.
Entre as razões abaixo, aquela que NÃO deve ser vista como causa dos problemas enfrentados pelo exército de Aníbal é:
A) a estreiteza do caminho nas montanhas;
B) a não identificação do traçado dos caminhos;
C) a grande altura por que passavam as tropas;
D) a existência comum de avalanches;
E) o nervosismo e o desespero dos soldados.
Comentário: a única alternativa que traz uma situação que não pode ser vista, segundo o texto, como a causa dos problemas enfrentados pelo exército de Aníbal é a E, pois o nervosismo e o desespero dos soldados foi o resultado de uma sucessão de problemas, os quais estão relacionados nas alternativas A, B, C e D.
GABARITO: E
“A história está repleta de erros memoráveis. Muitos foram cometidos por pessoas bem-intencionadas que simplesmente tomaram decisões equivocadas e acabaram sendo responsáveis por grandes tragédias. Outros, gerados por indivíduos motivados por ganância e poder, resultaram de escolhas egoístas e provocaram catástrofes igualmente terríveis.”
(As piores decisões da história, Stephen Weir)
31. (TJ/BA – 2015 - Analista Judiciário – FGV) A primeira frase do texto, no desenvolvimento desse texto, desempenha o seguinte papel:
A) aborda o tema de “erros memoráveis”, que são enumerados nos períodos seguintes;
B) introduz um assunto, que é subdividido no restante do texto;
C) mostra a causa de algo cujas consequências são indicadas a seguir;
D) denuncia a história como uma sequência de erros cometidos por razões explicitadas a seguir;
E) faz uma afirmação que é comprovada pelas exemplificações seguintes.
Comentário: vamos analisar as alternativas:
A) aborda o tema de “erros memoráveis”, que são enumerados nos períodos seguintes; - ERRADO - Os erros em si não são abordados.
B) introduz um assunto, que é subdividido no restante do texto; - CORRETO! O texto é dividido em três períodos. Um ele introduz o tema, que é dividido em dois períodos de motivos.
C) mostra a causa de algo cujas consequências são indicadas a seguir; - ERRADO - O Contrário. Mostra a consequência no primeiro período, depois as causas.
D) denuncia a história como uma sequência de erros cometidos por razões explicitadas a seguir; - ERRADO - Não há sequência de erros. Há um tipo de erro cometido por pessoas bens intencionadas e outro tipo de erro cometido por pessoas mal intencionadas.
E) faz uma afirmação que é comprovada pelas exemplificações seguintes. – ERRADO - Não há exemplificações, mas uma argumentação a partir de uma análise crítica.
GABARITO: B
CONSTRUIR A REALIDADE
José Antonio Marina
Todos queremos viver em liberdade e procuramos construir caminhos para alcançar esse propósito. Se um problema atravessa nossas vidas, nos sentimos impossibilitados de estar plenamente livres, pois há limitações e dificuldades de atuar. Ficamos em uma rua sem saída.
Felizmente, a inteligência nos permite encontrar soluções e nos possibilita criar alternativas. O pensamento liberta! Não nos contentamos em conhecer, não nos basta possuir, não somos seres passivos. Nossos projetos buscam conectar-se à realidade e ampliá-la. Por exemplo, milhares de pessoas leem livros de autoajuda, pois desejam mudar sua própria realidade, ainda que os resultados sejam pequenos. Então, por que continuam lendo? Porque a simples ideia de que “se pode” mudar enche o coração de esperança.
Em muitas ocasiões, nos sentimos presos à realidade, sem poder agir, limitados pelas contingências da vida. Felizmente, a inteligência nos diz que, dentro de certos limites - a morte é um deles -, a realidade não está totalmente decidida; está esperando que acabemos de defini-la. A realidade não é bela nem feia, nem justa nem injusta, nem exultante nem deprimente, não há maniqueísmo. A vida é um conjunto de possibilidades que devem ser construídas. Por isso, nada é definitivo, tudo está por vir. As coisas adquirem propriedades novas quando vamos em direção a elas com novos projetos.
Observemos essa explosão do real em múltiplas possibilidades. Cada coisa é uma fonte de ocorrências, cada ponto se converte na intersecção de infinitas retas, ou de infinitos caminhos. Cada vez mais se desfazem os limites entre o natural e o artificial.
32. (TJ/RJ – 2014 – Analista Judiciário – FGV) “procuramos construir caminhos para alcançar esse propósito”; a forma adequada da transformação da oração reduzida sublinhada em oração desenvolvida é:
A) para o alcance desse propósito;
B) para que alcançássemos esse propósito;
C) para alcançarmos esse propósito;
D) para que alcancemos esse propósito;
E) para que esse propósito fosse alcançado.
Comentário: Para desenvolver as orações reduzidas, basta conjugar o verbo (que está numa forma nominal) e inserir conector: [...] para que (conector) alcancemos (verbo conjugado) esse propósito.
GABARITO: D
Questões Propostas
1. Ao dizer que “Ficamos em uma rua sem saída”, no final do primeiro parágrafo, o autor do texto se refere:
A) à demorada procura da solução de um problema;
B) ao surgimento de um problema em nosso caminho;
C) à incapacidade de agirmos livremente;
D) ao encontro de limitações e dificuldades;
E) à possibilidade de descobrir um caminho.
2. A inversão de termos em uma das frases desse primeiro parágrafo do texto que se torna inadequada por modificar o sentido original é:
A) todos queremos viver em liberdade / todos queremos em liberdade viver;
b) procuramos construir caminhos para alcançar esse propósito / para alcançar esse propósito procuramos construir caminhos;
C) se um problema atravessa nossas vidas / se um problema nossas vidas atravessa;
D) nos sentimos impossibilitados / sentimo-nos impossibilitados;
E) ficamos em uma rua sem saída / ficamos sem saída em uma rua.
O Brasil é um país de cidades novas. A maior parte de seus núcleos urbanos surgiu no século passado. Há cidades, entretanto, que já existem há bastante tempo. Contemporâneas dos primeiros tempos da colonização, algumas delas já ultrapassaram inclusive a marca do quarto centenário. Poucas são as cidades brasileiras, contudo, que ainda apresentam vestígios materiais consideráveis do passado.
Se hoje o Rio de Janeiro, findando em 1565, vangloria-se de seu "corredor cultural", que preserva edificações da área central construídas na virada do século XIX para XX, é importante lembrar que as edificações ai situadas substituíram inúmeras outras antes existentes no mesmo local. Nem mesmo o berço histórico da cidade existe mais, arrasado devido à destruição do Morro do Castelo em 1922. E o que falar de São Paulo, fundada em 1554? Da pauliceia colonial e imperial quase mais nada existe, e, se ainda temos uma boa noção do que foi a cidade da primeira metade do século XX, é porque contamos com a paisagem eternizada das fotografias e com os belíssimos trabalhos realizados pelos geógrafos paulistas por ocasião do quarto centenário da cidade.
Há outros exemplos. Olinda, fundada em 1537, orgulha-se em ser patrimônio cultural da humanidade, mas esse título não lhe foi conferido em razão dos testemunhos que sobraram da cidade antiga, em grande parte substituída por construções em estilo eclético ou art déco do início do século passado. E se Salvador, criada em 1549, e Ouro Preto, fundada em 1711, podem gabar-se de manter ainda um patrimônio histórico-arquitetônico apreciável, isso se deve muito mais à longa decadência econômico pela qual passaram, que atenuou os ataques ao parque construído, do que a qualquer veleidade preservacionista local.
Em suma, não é muito comum encontrarem-se vestígios materiais do passado nas cidades brasileiras, mesmo naquelas que já existem há bastante tempo. Há, entretanto, algo novo acontecendo em todas elas. Independentemente de qual tenha sido o estoque de materialidades históricas que tenham conseguido salvar da destruição, as cidades do país vêm hoje engajando-se decisivamente em um movimento de preservação do que sobrou de seu passado, em uma indicação flagrante de que muita coisas mudou na forma como a sociedade rasileira se relaciona com as suas memórias.
Maurício Alves. Sobre a memória das cidades.
3. De acordo com as informações presentes no texto I,
A) observa-se nas cidades brasileiras um movimento no sentido da preservação dos vestígios que sobraram de sua história.
B) as cidades brasileiras mais antigas tendem a conservar menos vestígios materiais de seu passado.
C) as cidades brasileiras fundadas recentemente, por serem novas, conservam poucos vestígios materiais de sua história.
D) as cidades brasileiras não guardam vestígios materiais relevantes de seu passado.
E) a forma como a sociedade brasileira se relaciona com suas memórias mantém-se inalterada desde a fundação das cidades mais antigas do país.
4. Considerando as informações apresentadas no texto I, assinale a opção correta.
A) O papel dos fotógrafos e dos geógrafos foi fundamental para a preservação de inúmeros registros da história colonial e imperial da cidade de São Paulo, assim como de sua história mais recente.
B) O patrimônio histórico-arquitetônico existente em Salvador foi preservado graças a um movimento antigo e consciente de valorização, preservação e restauração dos vestígios materiais de sua história.
C) O título de patrimônio cultural da humanidade foi concedido à cidade de Olinda como reconhecimento pelo seu esforço de preservação e de valorização do que sobrou de suas paisagens urbanas do período colonial.
D) O Morro do Castelo e algumas construções da passagem do século XIX para o XX são exemplos de materialidades históricas que foram sacrificadas para a construção do ‘corredor cultural’ do Rio de Janeiro.
E) O período de longa decadência econômica por que passaram Salvador e Ouro Preto serviu para minimizar as agressões ao patrimônio históricoarquitetônico dessas cidades.
Em meio a catástrofes ambientais causadas pela ação do homem, aumento de doenças físicas e mentais nos centros urbanos e intolerância às diferenças sociais, religiosas e culturais, sobressai, das entranhas do Brasil, um modelo saudável de harmonia entre homens e natureza: o Parque Indígena do Xingu, criado há 55 anos. Essa experiência nacional, que oferece lições de respeito e de resiliência aos problemas enfrentados pelo dito mundo civilizado, é prova de que a ideia dos índios como seres primitivos está superada. Eles desenvolvem culturas riquíssimas e conhecimentos interessantíssimos de tecnologia leve – de clima, solo, espécies, plantas.
(Adaptado de Planeta/abr.2016, p.19.)
5.As informações do texto acima permitem concluir que
a) a concepção do índio como ser primitivo é equivocada e obsoleta.
b) modelos saudáveis de harmonia entre o ser humano e a natureza são incompatíveis com a urbanização.
c) a humanidade é a causadora da maioria das catástrofes ambientais.
d) os centros urbanos se caracterizam pela disseminação incessante de endemias e de doenças mentais.
e) as práticas sociais dos indígenas do Xingu fundamentam-se no respeito à natureza e no conformismo diante de desastres naturais.
No Brasil, não tinha havido batalhas memoráveis, nem catedrais, nem divinas comédias, mas o Amazonas era o maior rio do mundo, as nossas florestas eram monumentais, os nossos pássaros mais brilhantes e canoros. É o que vemos em tantas obras do Romantismo brasileiro. Essa natureza, mãe e fonte de orgulho, funcionou como correlativo dos sentimentos que o brasileiro desejava exprimir como próprios, não apenas na poesia patriótica e intimista, mas também na narrativa em prosa. Alguns contemporâneos de Álvares de Azevedo diziam que, apesar do grande talento, ele não era “brasileiro”. Por quê? Porque falava pouco do mundo exterior e preferia temas universais.
(Adaptado de O Romantismo no Brasil, de Antonio Candido, p.89.)
6. Há elementos no texto que permitem a seguinte inferência:
A) o patrimônio natural do Brasil é superior ao patrimônio cultural das demais nações do planeta.
B) a exaltação da natureza e o nacionalismo preencheram, no Romantismo brasileiro, a lacuna de uma nação sem passado glorioso.
C) a apologia de um passado glorioso e bélico cedeu lugar, no Romantismo brasileiro, à incipiente consciência ecológica diante do patrimônio natural brasileiro.
D) os temas universais foram rejeitados pelos escritores românticos, que subestimavam a matriz étnica do povo brasileiro.
E) o patriotismo exacerbado dos escritores românticos estava principalmente alicerçado na mentalidade escravocrata.
Ódio ao Semelhante – Sobre a Militância de Tribunal
Ninguém pode negar o conflito como parte fundamental do fenômeno político. Só existe política porque existem diferenças, discordâncias, visões de mundo que se distanciam, ideologias, lutas por direitos, por hegemonia. Isso quer dizer que no cerne do fenômeno político está a democracia como um desejo de participação que implica as tenções próprias à diferença que busca um lugar no contexto social. [...]
Esse texto não tem por finalidade tratar da importância do conflito ou da crítica, mas analisar um fenômeno que surgiu, e se potencializou, na era das redes sociais: a “militância de tribunal”. Essa prática é apresentada como manifestação de ativismo político, mas se reduz ao ato de proferir julgamentos, todos de natureza condenatória, contra seus adversários e, muitas vezes, em desfavor dos próprios parceiros de projeto político. São típicos julgamentos de exceção, nos quais a figura do acusador e do julgador se confundem, não existe uma acusação bem delimitada, nem a oportunidade do acusado se defender. Nesses julgamentos, que muito revela do “militante de tribunal”, os eventuais erros do “acusado”, por um lado, são potencializados, sem qualquer compromisso com a facticidade; por outro, perdem importância para a hipótese previamente formulada pelo acusador julgador, a partir de preconceitos, perversões, ressentimentos, inveja e, sobretudo, ódio.
Ódio direcionado ao inimigo, aquele com o qual o “acusador-julgador” não se identifica e, por essa razão, nega a possibilidade de dialogar e, o que tem se tornado cada vez mais frequente, o ódio relacionado ao próximo, aquele que é, ou deveria ser, um aliado nas trincheiras políticas. Ódio que nasce daquilo que Freud chamou de “narcisismo das pequenas diferenças”. Ódio ao semelhante, aquele que admiramos, do qual somos “parceiros”, ao qual, contudo, dedicamos nosso ódio sempre que ele não faz exatamente aquilo que deveria – ou o que nós acreditamos que deveria – fazer.
Exemplos não faltam. Pense-se na militante feminista que gasta mais tempo a “condenar” outras mulheres, a julgar outros “feminismos”, do que no enfrentamento concreto à dominação masculina. A Internet está cheia de exemplos de especialistas em julgamento e condenação. A caça por sucesso naquilo que imaginam ser o “clubinho das feministas” (por muitas que se dizem feministas enquanto realizam o feminismo como uma mera moral) tem algo da antiga caça às bruxas que regozija até hoje o machismo estrutural.
Nunca se verá a “militante de tribunal feminista” em atitude isenta elogiando a postura correta, mas sempre espetacularizando a postura “errada” daquela que deseja condenar. Muitas constroem seus nomes virtuais, seu capital político, aquilo que imaginam ser um verdadeiro protagonismo feminista, no meio dessas pequenas guerras e linchamentos virtuais nas quais se consideram vencedoras pela gritaria. Há, infelizmente, feministas que se perdem, esvaziam o feminismo e servem de espetáculo àqueles que adoram odiar o feminismo. [...] Apoio mesmo, concreto, às grandes lutas do feminismo, isso não, pois não é tão fácil nem deve dar tanto prazer quanto a condenação no tribunal virtual montado em sua própria casa. [...]
(Marcia Tiburi e Rubens Casara. Disponível em: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/01/odio-aosemelhante-
sobre-a-militancia-detribunal/. Publicado dia: 10/01/2016. Adaptado.)
7. Considerando as ideias apresentadas no texto, analise as afirmativas a seguir.
I. A negação da existência do conflito é também a negação de que haja um fenômeno político.
II. No 3º§ do texto, a referida possibilidade de diálogo é negada pelos dois interlocutores que deveriam participar de tal prática.
III. A “militância de tribunal”, virtual, tornou-se um assunto com nível de importância superior às questões que envolvem debates críticos na atual era das redes sociais.
Está(ão) de acordo com o texto apenas a(s) afirmativa(s)
A) I.
B) III.
C) I e II.
D) II e III.
[...] Entrevistador – Como você vê o papel do escritor em um país como o Brasil?
*João Antônio – Para mim, o escritor, enquanto escreve, é exclusivamente um escritor – operário da palavra queimando olhos e criando corcunda sobre o papel e a máquina. Pronto o livro, o autor brasileiro não deve fugir à realidade de que é um vendedor, como um vendedor de cebolas ou batatas. Mas com uma diferença, é claro: no Brasil o livro não é considerado como produto de primeira necessidade, como os cereais. Também por isso, há de se sair a campo e de se divulgar o que se sabe fazer. Efetivamente, é mais do que um camelô de sua área: conversa sobre a obra, mas o ideal é que ouça muito o seu parceiro, o leitor. Que jamais se estabeleça um clima formal, doutoral, beletrístico, mas de debate, discussão, questionamento, amizade. Se o escritor
se enclausura numa torre, se atende apenas à onda geral da feira de vaidades que é a chamada vida literária, jamais poderá sentir a realidade de seu público.
(ANTÔNIO, João. Malagueta, Perus e Bacanaço. São Paulo: Ática, 1998. Fragmento.) *João Antônio Ferreira Filho (1937-1996), escritor paulista, é considerado um dos melhores contistas brasileiros do século XX.
8. Em sua resposta, o entrevistado utiliza-se de um recurso de expressão para referir-se ao escritor em que
A) há uma aparente contradição entre conceitos distintos.
B) a construção do discurso apresenta ambiguidade, se analisada de forma criteriosa.
C) é possível identificar o emprego de vocábulos indicadores de regionalismo linguístico.
D) o raciocínio é construído pela projeção de analogias entre domínios, distintos, da experiência.

